Começa hoje nosso Diário da Quarentena

Bom, não é exatamente uma quarentena, pois não estamos infectados com o COVID-19, mas sim um isolamento social necessário para evitar que a pandemia se alastre ainda mais.
Vou começar a narrar a partir de hoje um pouco da nossa rotina.
Moramos em Indaiatuba, interior de São Paulo, e apesar de não ter ainda nenhum caso confirmado oficialmente da doença, especula-se muito sobre a real situação, pois a quantidade de suspeitos e mortes com os sintomas aumenta a cada dia, e os resultados estão demorando demais a sair.
Apesar de oficialmente o isolamento social começar a partir de hoje, já faz uma semana que eu e meu marido optamos em não levar nosso filho na escola, pois havia essa possibilidades. As aulas ainda não estavam totalmente suspensas, mas fomos avisados de que não haveria conteúdo novo e que, quem pudesse evitar de ir à escola, que se mantivesse em casa. Para quem trabalha e não tinha com quem deixar os filhos, foi dado um prazo para organização e as crianças puderam ir à escola apenas para atividades recreativas, mas a partir de hoje, dia 23, a escola estará totalmente fechada. Na sexta, dia 21, foi enviado para os pais atividades pedagógicas para serem feitas em casa até o dia 24 de abril.
As aulas esportivas que o nosso filho faz (Futebol e Taekwondo) também estão suspensas desde a quinta da semana passada, mas também tivemos a opção de não levar na terça feira, sem que faltas tenham sido computadas.
Meu marido é profissional liberal, e trabalhou poucos dias da semana no escritório. O que pode, faz em casa. Ele é advogado, e todos os prazos de todos os tribunais estão parados, e trabalhando apenas em esquema de urgência. Não há muito o que se fazer agora.
Nossa decisão em adiantar o isolamento social o máximo possível em uma semana tem uma explicação: em casa temos 4 pessoas no grupo de risco, sem que duas são de altíssimo risco. Meus pais são idosos, ambos hipertensos, e minha mãe tem pré-diabetes e apenas metade da capacidade pulmonar. Pra ela, entrar em contato co o vírus, é absurdamente fatal, sem chance sequer de tratamento. Eu e meu marido somos hipertensos e eu também tenho pré-diabetes.
Evitamos sair ao máximo e apenas meu marido é que sai para fazer o que é necessário e quando não há a opção de Delivery direto aqui em casa. Não estocamos nada, nem alimentos, nem medicamentos, nem álcool em gel: NADA. Estamos mantendo a rotina de ir ao mercado a cada 15 dias. E todas as vezes que por ventura tivemos que sair, mantemos uma rotina de descontaminação ao entrar em casa:
- Usamos somente a porta de serviço;
- Tiramos os sapatos na porta e imediatamente passamos lysoform em todo o sapato, principalmente nas solas;
- Tiramos as roupas e imediatamente colocamos dentro da máquina de lavar;
- A roupa é lavada com 1 tampinha de lysoform, além do sabão comum;
- Lavamos bem as mãos com água e sabão;
- Desinfetamos tudo o que foi tocado antes da lavagem das mãos (maçanetas, máquina de lavar, etc) e o que foi trazido da rua (compras, sacolas, etc) com um borrifador que tem 1 tampa de lysoform diluído com água;
- O carro também recebe atenção especial: passo um pano com o conteúdo desse borrifador de lysoform por todo o painel, direção, contatos nas portas e bancos, maçanetas, além de andarmos com os vidros abertos, com o ar condicionado desligado.
Enquanto estamos na rua temos conosco um franco de álcool gel, que é utilizado a todo instante e não tocamos nosso rosto e mucosas. Também cumprimentamos de longe as pessoas que conhecemos, sem nos tocarmos.
Acreditamos que desta forma estamos suficientemente protegidos, sem neuras e sem desespero.
Onde nós moramos é um bairro exclusivamente residencial. Não existe nenhum tipo de comércio, escritório, absolutamente nada por perto. Pode causa do baixo movimento de carros e pessoas nas rusas, podemos fazer caminhadas para evitar o sedentarismo durante este período. O exercício físico é importante para manter a imunidade alta. Apenas evitamos o parquinho (que hoje será interditado à pedido da Prefeitura) e a academia da terceira idade.
É preciso ter paciência, compreensão e comprometimento durante este período. Juntos sairemos dessa, mais fortes, mais sábios.
Fique em casa!