Capítulo 03

Alguns anos se passaram desde que Flávio havia se formado. Ele é Administrador de Empresas, primeiro da turma.

Sérgio estava muito orgulhoso do genro, e decidiu que já era hora dele ir trabalhar em sua poderosa empresa, como seu homem de confiança.
Flávio ficou emocionado, e naquele dia em especial, ele voltou para casa mais radiante, querendo comemorar com Letícia essa nova etapa da vida deles.

Mas quando ele chegou em casa, encontrou tudo revirado, as crianças destruindo as mobílias e enfeites, o cachorro com fome, tudo sujo.
Começou a chamar por Letícia, ela não respondia.
Tentou acalmar os filhos, mas estes faziam caretas para ele.

“Cadê a mamãe, Henrique?” – perguntou Flávio não acreditando na cena que estava presenciando.
“Por que o bola murcha quer saber?” – retrucou Henrique.
Flávio nem respondeu, apenas virou-se e começou a percorrer a casa em busca de Letícia.

Foi encontrá-la deitada no chão do banheiro, totalmente bêbada.
Sim, este era o ambiente onde Flávio edificou seus sonhos: uma mulher que não se importava com ele e dois filhos que não o respeitavam.
As crianças o chamavam de bola murcha pois era assim que Letícia o chamava.
Flávio assistiu passivamente todos esses anos as traições da mulher, a sua desatenção para com os filhos, para com seus pais e para com ele.
E ele apenas aturava isso em respeito e gratidão a Sérgio e Paula, pois sem eles, ele não seria nada.
Voltar para casa, para Flávio, era um suplício. Muitas vezes ele foi ao cinema sozinho, ficou dando voltas a pé pelo centro da cidade, apenas para não ter que voltar para o inferno – como ele definia seu lar.
Não era assim que ele tinha planejado sua vida, não era isso que ele acreditava que Letícia iria se tornar.
Por várias vezes tentou salvar seu casamento, fazendo terapia de casais, dialogando com Letícia, mas tudo era em vão.
Então ele se entregou, desistiu de lutar por um futuro feliz e decidiu ficar “ligado no automático”, ignorando a má educação e o desprezo dos filhos, e as baladas promíscuas da esposa.

Mas naquela noite a coisa estava diferente, pois, ao olhar a cena grotesca, que mais lembrava um cenário de guerra, deduziu que mais uma empregada havia pedido demissão, por conta das grosserias, chiliques e maus hábitos de sua família.
Flávio sentia muita vergonha disso. Pegou o telefone, ligou para a empregada apenas para acertar os detalhes do seu último pagamento.
Não se importou com a esposa deitada no chão do banheiro, dos filhos imundos destruindo a casa, apenas trancou-se no quarto e dormiu.

********************

Marcela estava decidida a fugir de casa. Aquele dia havia sido a gota d´água! Agora nem na quermesse da Igreja seu pai lhe deixava mais ir. Não pode cantar, não pode pintar, não pode ir às festas.
“O que fiz para merecer isso?”, ela se perguntava o tempo todo. Mas não seria fácil fugir dali. “Vou para onde? Fazer o que? Com que dinheiro?”, eram muitas questões a serem decididas.
úsicas da quermesse, aquele cheirinho gostoso de todas as delícias que as senhoras da Vila passaram o dia cozinhando.
üências, pulou a janela para ver, mesmo que de longe, a festa, que parecia a mais animada de todas que foram feitas até então.

Ficou ali, num cantinho, atrás de uma árvore, rezando para não ser notada.
Observava as pessoas dançando, comendo, bebendo, se divertindo.
“O que será que elas estão pensando agora? Eu não pensaria em nada, sentiria apenas uma felicidade imensa”, pensava consigo.
Cada sorriso, cada riso que ela via nos rostos das pessoas que ali estavam, provocavam em Marcela um sentimento único de felicidade, e fazia com que ela sorrisse também.

“Não acredito que você teve coragem de desobedecer o papai mais uma vez!”, disse Lúcia, com um certo ar de felicidade, por ter flagrado Marcela.
Ela não via a hora de correr até Clemente e contar a grande novidade. Não houve súplica que revertesse o desejo incontrolável de Lúcia em prejudicar Marcela.
Ao ver a irmã correr em direção a Clemente, Marcela foi o mais rápido que pôde para casa, e pulou novamente a janela do seu quarto. Ficou ali rezando para que seu pai não desse ouvidos à Lúcia.

Ouviu a porta abrindo, passos duros em direção ao seu quarto. Cobriu-se, fingiu estar dormindo. Mas Clemente foi impiedoso, e descontou em Marcela toda sua fúria, enquanto Lúcia assistia toda a cena, sem tentar disfarçar sua satisfação.
A situação já estava fugindo do controle, quando Dora entrou no quarto e segurou o marido.
Marcela não sabia se estava mais assustada ou mais ferida.
Não quis lavar-se no banheiro, apenas ficou ali, deitada na cama, desejando nunca mais acordar.

********************

Era o lugar mais lindo que ele já tinha visto! Quanto mais andava e se embrenhava naquela mata, mais se sentia feliz e em paz.
Os raios de sol que passavam por entre as folhas das árvores tornava o cenário mais mágico e leve.
“Há quanto tempo não ouvia um pássaro cantando! Preciso me lembrar desse lugar, tenho que voltar aqui em um próximo sonho, com certeza!”, pensou Flávio.

Continuou caminhando até uma clareira, onde avistou uma linda praia, com uma fogueira.
“Vou sentar aqui. É tão lindo! Essa beleza precisa ser contemplada”.
Ficou ali olhando ao redor, degustando cada sensação, cada som, cada cheiro, cada toque das folhas no chão.
Até que escutou um choro bem baixinho, quase um murmúrio. Ficou intrigado, levantou-se com ar de desconfiança, e resolveu seguir o som, para ver se encontrava a criatura triste.
“Como alguém pode chorar num lugar como este?”. Seguiu por trás de umas pedras e encontrou um bela jovem. Era ela que estava chorando.

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