Capítulo 12

Nos últimos dias andava chovendo muito e fazia muito calor.
Alguns moradores da vila estavam gripados, dentre eles Lúcia.
Naquele dia Marcela não foi trabalhar, para tomar conta da casa e da irmã doente, mesmo que a contragosto.

Os garimpeiros estavam fazendo greve, ainda mais que as condições de trabalho haviam piorado muito, com tantas chuvas.

Flávio chegou meio receoso na vila, pois não sabia o que ia encontrar pela frente. Foi o líder dos garimpeiros, Ignácio, que o recebeu.
É claro que assim que eles entraram lá, um grupo de garimpeiros cercou Flávio, querendo intimidá-lo.

- Eu sou da paz! – defendeu-se Flávio.
- Nós também, Senhor, só não gostamos de ser enganados como o seu patrão está fazendo – replicou Ignácio.
- Ninguém está enganando vocês. A prova disso é que eu estou aqui e não irei embora até resolver tudo.

Com essa frase, Flávio começou a conquistar os garimpeiros, que ficaram menos desconfiados e se dispuseram a ouvir as propostas.

Acharam que era melhor continuar a reunião no bar.
Clemente entrou no bar e ficou só escutando a conversa.

Ao voltar para o armazém, comentou com a mulher sobre o forasteiro, que julgou mentiroso e vendido, que veio para a vila apenas para escravizar mais ainda os moradores, e que se dependesse dele, o “talzinho” merecia apanhar até morrer.

Clara, que estava na loja para ajudar os pais, já que Marcela estava cuidando da doença de Lúcia, ficou com muito medo, mas ao mesmo tempo muito curiosa para conhecer o tal forasteiro, pois ela jamais havia conhecido ninguém que não fosse um morador da vila.
Enquanto Clemente discutia arduamente seu ponto de vista com a esposa, Clara fugiu do armazém sorrateiramente e foi até o bar, dar uma espiadinha.

Clara não conseguia ver direito o tal forasteiro, pois ele estava de costas, cercado por vários homens, que falavam alto, discutiam, e ela foi ficando com mais medo ainda.
Mas de costas ele parecia bem “normal”, pois do jeito que falavam dos forasteiros, a menina sempre havia ligado a aparência deles à daqueles monstros que via na televisão.

Até que o forasteiro virou-se para pegar algo que havia caído no chão.
Então Clara pode vê-lo bem de perto, com muita nitidez: ele era muito parecido, praticamente igual ao rapaz que Marcela desenhou, que dizia encontrar em sonhos.

Flávio, ao ver a menina apavorada olhando para ele, sorriu e a cumprimentou:

- Olá, gracinha, qual o seu nome?

Clara ficou atônita e saiu correndo, indo direto para casa.
Chegou lá ofegante, branca, parecendo que havia visto um fantasma.

- Credo, Clarinha, o que aconteceu? – preocupou-se Marcela.

Clara não falava nada, com medo que Lúcia pudesse ouvir. Ela apenas gesticulava, deixando Marcela ainda mais assustada.

- Você ta doente também? Ta com alguma dor? – insistiu Marcela.

Clara começou a tatear a imã, em busca do desenho.
Quando conseguiu achá-lo no bolso de Marcela, começou a apontar para a foto e para a porta.
Marcela olhou fixamente para Clara, e mais ou menos entendeu o que a irmã estava tentando dizer, embora fosse algo difícil de acreditar.
Mas a “conversa” não pôde continuar, porque Lúcia acordou e chamava pela irmã.
Para que Clemente não desconfiasse, Clara voltou correndo para o armazém.

Durante o jantar, o assunto na mesa não era outro: o tal forasteiro.
Cada vez que Clemente falava com raiva do rapaz, Clara olhava para Marcela, torcendo para que ela conseguisse ler a sua mente.
Clemente estava muito irritado, comeu rápido e levantou-se da mesa logo, para tomar banho e ir deitar.
Nessa oportunidade, Marcela pôde ficar a sós com a mãe e perguntar mais sobre o assunto do momento.

- Ele é um homem muito mau! – explicou Dora.
- Mas a senhora o viu? – perguntou Marcela.
- Não! Tenho até medo de olhar pra ele!
- Mas como a senhora sabe que ele é mau?
- Porque tá todo mundo falando isso, filha.
- E ele ainda tá na cidade?
- Tá sim, lá na Casa Paroquial. Quem sabe ficando na casa de Deus ele tira um pouco do demônio do corpo desse homem que só quer destruir nossa vila.

Marcela estava aflita.
Ela precisava ver esse forasteiro.
Ela precisava ter certeza de que Flávio não era real, que ele era apenas fruto da sua imaginação.
Ela precisava confirmar que não passava de uma baita coincidência, se o forasteiro fosse mesmo parecido com o Flávio dos seus sonhos.
Foi então que ela se ofereceu para ir buscar mais remédios para Lúcia, já que a mãe havia trabalhado o dia todo e o pai também, ambos mereciam descansar.
Dora achou uma boa idéia, e permitiu que Marcela saísse.
A Igreja ficava no caminho do Posto de Saúde, e Marcela poderia tentar ver o tão temido forasteiro.

Antes de sair de casa ela trocou de roupa três vezes, penteou o cabelo umas quatro e mesmo assim achava que não estava bom.
Mas se ela demorasse mais, seu disfarce poderia ser descoberto, então tinha que ser daquele jeito mesmo.
Saiu de casa assustada, com medo, mas muito curiosa.
As passadas eram apressadas e firmes.
Passou pelo bar, seguiu até o armazém e logo estaria na Igreja.
Olhou rapidamente para os lados, para ter certeza que ninguém a vira entrar ali, para testemunhar sua mentira.

Entrou na Igreja. Estava vazia.
Foi caminhando em direção ao altar olhando para todos os lados, estava apreensiva. “E se for mesmo ele, o que eu vou fazer?”.
O ar lhe faltava. Sentia a respiração ficar cada vez mais ofegante, o coração estava disparado.
Chegou ao altar, ajoelhou-se diante da cruz, e rezou para que Deus a iluminasse e que ela conseguisse desvendar aquele enigma que tanto a corroia.

Ouviu o barulho da porta da Igreja e alguns passos. Olhou rapidamente para trás, era apenas algumas beatas que chegaram para rezar o terço.
Decidiu sair correndo dali, pois se a reconhecessem, poderiam contar aos seus pais e isso seria péssimo.

Abaixou a cabeça e foi andando com passos apressados até a lateral da Igreja. “Acho que não me reconheceram”, respirou aliviada.

Ao chegar à porta, tocou seus dedos no recipiente com água benta, virou-se para o altar e fez o sinal da cruz
Num gesto de pura pressa e desespero, virou-se novamente para a porta, tentado sair, quando trombou-se com alguém.

- Desculpe! Que desastrado sou!
- Não, tudo bem, a culpa foi minha...

Marcela ergueu seus olhos e foi como se um choque tomasse todo o seu corpo, paralisando-a completamente.

Sim, Flávio era real e estava ali, bem diante dela!

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