Capítulo 22

- Tomás! Cara, que bom te ver! – disse Flávio, sentido um certo alívio.
- Não deixaria meu amigo para trás, né Flávio? Meu, que treta braba essa, mano! Que cidade louca, véi!
- Nem me fale! Todos vendidos!
- Pois é, mano, por isso eu demorei. Passei antes no Fórum pra ver o seu processo de divórcio. Tava muito enrolado, cara. Com certeza o outro advogado ganhou umas pra prejudicar o processo.
- Jura!? Que droga!
- Mas já ajeitei isso pra você.
- Ah, beleza, valeu! Mas, me fala... O quanto eu tô ferrado?
- Relaxa, mano, eles não têm nada contra você.

- BRINCOU!?
- Sério, cara.
- Ai, graças a Deus! Nem acredito, meu, nem acredito! Mas, e o teste do solo da mina?
- Eles não acharam documento nenhum sobre isso. E, como não tem testemunha nenhuma, vai ficar só a palavra do Sérgio contra a sua. Aí mia tudo, né? Sem prova, sem testemunha... O solo tá mesmo contaminado, mandaram fazer outro teste.
- Minha Nossa Senhora! E aí?
- E aí que o teu agora ex-sogro está ferrado até o pescoço! Vai pegar uma cana braba!
- Caramba!
- Muitos podres, véi, descobriram muitos podres do cara, da esposa e dos irmãos, que são todos sócios. E além de ficarem por muito, muito tempo na cadeia, ainda vão ter que devolver muita grana, pagar muita indenização. Só os tratamentos e indenizações dos mineradores e das famílias deles, já vai uma grana preta. Esse povo todo vai à bancarrota rapidinho, vai por mim. Sorte sua que você era apenas funcionário. E, enquanto genro, não se beneficiou em momento algum dos esquemas deles, se não, você ia ficar enrolado também.

Flávio estava perplexo com as explicações que seu ex-colega de faculdade, Tomás, estava lhe dando.
Era muita informação. Chegou até a ficar atordoado. Pensou nas crianças. O que aconteceria com elas?

- Mas você nem tem certeza que são seus filhos! - disse Tomás.
- Não importa. Eu os amo da mesma forma. Mesmo que eles não me amem da mesma maneira- retrucou Flávio.
- Você quer que eu peça um exame de DNA?

Flávio abaixou a cabeça.
Tinha medo de descobrir a verdade, embora as suspeitas fossem grandes.
Ele não queria sequer cogitar de que a vida que viveu até o momento fosse uma mentira tão grande assim.
Tomás tentou ajudar: “não vai interferir em nada na pensão, Flávio. A Letícia disse que não vai pedir nada pra você, já que você não quis repartir os bens, nem ficar com o dinheiro da poupança de vocês, nem nada. Ela sabe que você não tem onde cair morto.”.
“E ela iria perder a chance de me quebrar de vez?”, pensou Flávio.
“Bom, talvez isso tudo tenha trazido um pouco de juízo à cabeça daquela louca. Ou então ela deve estar achando que eu não vou sair daqui nunca mais, que já conseguiu a vingança que queria. É... Com certeza é isso!”, concluiu, caindo em si.

- Não, Tomás, deixa tudo como está. Independente de qualquer coisa, eles são meus filhos. Meu nome está na certidão de nascimento, eu cuidei deles desde que eles nasceram: são meus filhos. Não mexe nisso, não. Só veja a questão das visitas. Não quero perder contato com eles.
- Tudo bem, cara.
- Mas e aí, quando eu vou sair daqui?
- É um pouco mais complicado do que isso...

Tomás explicou para Flávio que o delegado estava sendo ameaçado por Sérgio e seus irmãos.
Se ele não conseguisse colocar a culpa toda em cima do amigo, corria sérios riscos de terminar como Clemente: enterrado em uma vala, em um lugar distante dali, junto com outras pessoas que ousaram a atrapalhar os planos da família.
Mas que não iria demorar muito até que todos eles fossem presos, pois com isso tudo, começou-se uma investigação muito grande, envolvendo autoridades de patentes muito superiores às dele e de fora da cidade.
E contra eles não tinha como Sérgio e seu bando fazerem nada.
O poder deles restringia-se à EgoVille e algumas pequenas cidades ali perto.
Foi descoberto que eles estavam destruindo provas de outros crimes, e por isso a prisão preventiva de todos já havia sido expedida.
Enquanto isso, o delegado achou melhor manter Flávio preso, para que Sérgio achasse que havia vencido sobre a questão da mina, e tudo havia acabado.
Se o soltasse, além de colocar em risco a vida do delegado, colocaria em risco a própria vida e a de todos que decidiram colaborar para acabar com a dominação de Sérgio e sua família por tantos anos na cidade.
Estavam todos fartos, queriam a liberdade.

Flávio entendeu e concordou que aquela era a melhor solução.
Pensou em Marcela, em como ela e sua família estariam.
“Elas estão bem. E ficarão em uma situação muito confortável quando receberem a indenização que merecem. Ainda mais quando conseguirem provar o assassinato do Clemente”, tranquilizou Tomás. “Isso é ótimo! Elas vão conseguir realizar tudo o que desejam: a doceria, estudos... Vai ser muito, muito bom!”.
Mas sentia uma saudade enorme de Marcela.
Queria conversar com ela, dizer que estava livre de Letícia, e saber se ela ainda o amava tanto quanto ele a amava.
Não via a hora de dizer que finalmente ele estava livre e os dois poderiam ficar juntos.

Pensou em dormir e encontrar com ela nos sonhos.
“Sim! Poderia voltar a fazer isso!”.
Mas depois lembrou que isso era coisa do passado, pois agora que sabem que ambos são reais, não havia mais necessidade de se encontrarem apenas dessa forma.
E também, não conseguiria dormir.
Estava ansioso, contando as horas para sair dali e finalmente ter Macela em seus braços.

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